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Povoamento

Por volta de 1700 já havia registro da existência da povoação de Santa Luzia. Embora também tenha tido suas atividades de mineração, cedo se firmou como centro de indústrias rudimentares e como entreposto comercial, postado no rumo entre Sabará e o distrito dos Diamantes. Hoje possui um pequeno núcleo histórico com algumas construções antigas do fim do século XVIII. Um registro de 1761 que pedia a elevação do arraial à categoria de vila, apresenta como credencial para tal o fato da localidade apresentar duas grandes igrejas, mais cinco nas cercanias. O arraial só conseguiu ir a vila 86 anos depois (1847), desmembrado de Sabará que então já era cidade. Foi aqui que se travou a batalha que pôs termo à famosa revolução liberal mineira de 1842, quando as tropas legalistas, comandadas pelo coronel Lima e Silva (futuro duque de Caxias) venceu Teófilo Otoni e seus parceiros.

Rua Direita.


A Vila de Santa Luzia foi visitada por Richard Francis Burton em 1867, vindo de Sabará de canoa, navegando o Rio das Velhas. Hospedou-se num hotel que considerou muito precário mas barato. Teve sua atenção despertada pelo grande número de prostíbulos estabelecidos na vila apesar dela ser tida como sede de um santuário. Comentou, porém, ter ouvido falar que esse comércio ali era menos próspero do que em Curvelo. Registrou a existência da igreja matriz e da igreja de N. S. do Rosário. Uma atração extra de Santa Luzia é o convento de Macaúbas, fundado pelos irmãos Manuel e Felix da Costa Soares em 1714. O convento, devido à proibição da existência de obras de ordem segunda em Minas, não era propriamente um convento mas sim uma casa de recolhimento. Só foi devidamente regulamentado no final do século XVIII. A instituição também foi visitada por Burton que anotou que a construção que visitara era de 1745 e não a primitiva de 1714 cujas ruínas ainda podiam ser vistas.

Câmara Municipal.


Lá se educaram filhas ilustres de Diamantina, de Chica da Silva e do padre Rolim. Quando o inquieto padre inconfidente foi para o degredo, sua mulher e filhos ficaram morando numa casa na entrada do convento. Ao regressar ao Brasil devidamente indultado, ele os recolheu, voltou para Diamantina e viveu feliz até quase os noventa anos de idade, sobrevivendo à mulher e a alguns filhos. O mais interessante é que a mulher do padre Rolim, Quitéria Rita, era exatamente filha de Chica da Silva. Santa Luzia possui uma infra-estrutura turística modesta com poucas opções de hospedagem e alimentação. Porém seu patrimônio histórico ainda que pequeno, é interessante e a Matriz de Santa Luzia justifica a visita. A comunidade também tem mostrado seu esforço na manutenção das coisas antigas da gloriosa cidade, procurando preservá-las em museus instalados em antigos casarões, no centro histórico.

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